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Jornal Valor Econômico – Fabricantes gaúchos mobilizam-se para atender expansão da GM no RS

Por Sergio Bueno
 
A indústria de máquinas do Rio Grande do Sul decidiu entrar na briga pelo fornecimento de equipamentos para a fábrica da General Motors em Gravataí, na região metropolitana de Porto Alegre, que começará a ser ampliada. O objetivo das empresas é fornecer pelo menos um terço de uma demanda estimada em torno de R$ 600 milhões, segundo o diretor regional da Associação das Indústrias de Máquinas e Equipamentos (Abimaq-RS), Hernane Cauduro.
 
O projeto da General Motors é um dos primeiros de uma série que a indústria automobilística prepara para expandir a capacidade das suas fábricas brasileiras nos próximos anos. As montadoras também têm demonstrado interesse maior em elevar o índice de nacionalização de seus veículos. Essa disposição demonstra que, com a perspectiva de aumento da produção de veículos no Brasil, serão abertos caminhos para os fornecedores mais próximos das linhas de montagem. Com volumes mais elevados, o setor tende a reduzir a dependência de bases de suprimento mais distantes, incluindo itens importados.
 
O presidente da General Motors do Brasil, Jaime Ardila, confirma a escolha pelo fornecimento mais próximo: “Para nós, quanto mais nacional, melhor; e quanto mais local, melhor ainda”, afirmou o presidente da montadora americana no país.
Na sexta-feira, representantes da direção e da área de compras da General Motors estiveram em Porto Alegre para iniciar um processo de atualização do portfólio e homologação de novos fornecedores, com vistas não apenas à expansão da fábrica de Gravataí como as outras unidades da montadora no país. Segundo o diretor de assuntos institucionais da empresa, Luiz Moan, se forem competitivos, os fornecedores de máquinas do Rio Grande do Sul poderão ser indicados para o comitê global de compras da companhia.
 
A General Motors selecionará os fornecedores de máquinas por processos de licitação internacional, que levarão em conta os critérios tradicionais de preço, qualidade e serviço. A proximidade da unidade de Gravataí deverá representar vantagem para os gaúchos pela redução de custos logísticos e também pela facilidade na prestação de assistência técnica, embora a valorização do real amplie as oportunidades para as empresas estrangeiras.
 
Em duas fases anteriores, na instalação e na primeira etapa de ampliação da fábrica da GM em Gravataí, a montadora americana comprou máquinas e equipamentos de outros Estados e do exterior. As grandes prensas, compradas no Japão, tiveram que ser encomendadas com antecedência de 22 meses.
 
Segundo Moan, caso não tenham condições de produzir os equipamentos de maior porte, as empresas gaúchas poderão também participar do projeto por meio do suprimento de peças ou serviços para os fabricantes das máquinas. “A GM poderá auxiliar na aproximação entre as empresas”, disse Moan.
 
A próxima expansão da unidade de Gravataí vai absorver investimento de R$ 1,4 bilhão. Segundo Moan, a aquisição das máquinas terá de ser feita em 2011 ou mesmo antes, já que a nova fase da fábrica deverá ser inaugurada por volta de setembro de 2012. A direção da GM espera obter licença ambiental até abril para poder iniciar as obras em maio. Com a ampliação, que abre espaço para o início da produção de dois novos modelos de automóveis, a capacidade da unidade de Gravataí será ampliada de 230 mil para 380 mil veículos por ano.
Do lado da indústria de máquinas, o clima é de ansiedade. “Até agora não fornecemos nada para a GM”, destaca Hernane Cauduro. A Abimaq-RS pediu ao governo gaúcho que exija, por meio de regulamentação dos programas de incentivo ou de lei específica, preferência para os fornecedores locais na venda de equipamentos para empresas que se instalem no Estado com benefícios fiscais, como é o caso da General Motors. “Isso teria impacto na criação de empregos e capacitação das empresas gaúchas”, afirma Cauduro.
Segundo o representante da Abimaq, o Rio Grande do Sul tem o segundo maior polo da indústria de máquinas do Brasil, atrás de São Paulo. Entre os equipamentos que podem ser adquiridos no Estado, o dirigente destaca transportadores de carrocerias no interior da fábrica, sistemas de alimentação e descarga de máquinas e componentes para a automação das linhas de montagem.
 
Segundo o secretário do Desenvolvimento e Assuntos Internacionais, Márcio Biolchi, o governo estadual já estabelece nos termos de compromissos assinados com as empresas beneficiárias de incentivos que, em caso de igualdade de condições, será dada preferência à aquisição de produtos e serviços locais. Segundo ele, o Estado também poderá colaborar com a qualificação e ampliação da capacidade dos fornecedores com linhas de financiamento oferecidas pela Caixa RS Agência de Fomento.

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