A cinco semanas do encontro partidário que irá definir o novo presidente estadual do PMDB, pode-se dizer que a sigla continua em ritmo de eleições. O próximo líder dos peemedebistas terá a tarefa de reerguer o partido após o mau desempenho no pleito de domingo e substituir o líder histórico Pedro Simon.
Além da derrota na corrida ao Piratini, o PMDB perdeu a disputa ao Senado, uma cadeira na Assembleia Legislativa e duas na Câmara dos Deputados. Apenas Simon ousou tocar em outra ferida, a perda da prefeitura de Porto Alegre, após a renúncia de José Fogaça para tentar o governo do Estado.
Nesse contexto, nas discussões internas do partido, já se mencionam alguns nomes como possíveis “salvadores da sigla”. O mais citado é o do deputado federal e secretário-geral do PMDB gaúcho, Eliseu Padilha, conhecido pela facilidade de circular entre diferentes alas do partido, inclusive em âmbito nacional.
Mas para um setor do partido, Padilha foi derrotado na eleição duplamente, pois, além de não ter conseguido vaga na Câmara, não teve capacidade de mobilizar a base do partido para uma virada na disputa pelo Piratini. Esses acreditam que Padilha não tem capacidade de assumir o partido em um momento considerado delicado.
Alguns correligionários emergentes começam a trabalhar em causa própria. O deputado estadual Alceu Moreira, que fez 81.071 votos nesta eleição e assume uma cadeira na Câmara dos Deputados no próximo ano, avisa que tem legitimidade para ser candidato. “Sou candidato. E não é imposição, tenho direito a postular”, afirma quase em tom de anúncio.
Moreira defende que o partido tem necessidade de indicar novos nomes para a direção e sustenta que a ideia de uma chapa de consenso pode inviabilizar um processo democrático de escolha. “Tem que ser uma renovação completa”, defende, acrescentando que “as pessoas que poderiam ter um discurso contrário à renovação não estão mais no poder de fazê-lo”.
O prefeito de Quaraí, João Carlos Gediel – uma das lideranças da sigla no Interior -, entende que o fato de Padilha não ter sido reeleito para a Câmara não o descredencia. Ao contrário, Gediel aponta que isso evitará “ciumeira” de outros parlamentares e permitirá dedicação integral ao partido. “Ele é o único nome de consenso capaz de liderar a reconstrução do PMDB”, sustenta.
Moreira refuta a tese de que um candidato sem mandato terá mais tempo para organizar o partido, mobilizando a militância em todo o Estado. “Já teve pessoa com tempo todo para fazer e não fez nada”, justifica.
Padilha não assume ser candidato, apesar de reforçar que é “soldado do partido”. “Eu sou quadro do PMDB, não sou candidato a nada. Mas estou à disposição da base”, afirma. Ele observa que a prioridade, neste momento, não é discutir nomes, mas sim resolver problemas internos.
Enquanto Padilha se esquiva da vitrine de candidato à presidência do partido, Moreira já apresenta sua plataforma. “Em um ano será possível reconstruir o tecido partidário. O PMDB precisa de um presidente que ande por todos os municípios e que fortaleça as bandeiras do partido.” Para Moreira, a renovação na executiva é mais do que necessária, é inevitável. “O PMDB tem quadro de sobra, o que não tem é um discurso unificado.”
Padilha também acha que uma chapa de consenso não é a única solução para controlar o racha no PMDB. “Um partido não pode ter medo de disputas internas”, sintetiza. O vice-presidente do PMDB, deputado estadual reeleito Márcio Biolchi, admite que um partido com 140 prefeitos, 107 vices, 1.156 vereadores e cerca de 250 mil filiados tem dificuldade de formar uma chapa de consenso. “Essa é uma proposta que não se impõe, tem de vir de uma reflexão geral que saímos enfraquecidos neste processo”, avalia.
Amanhã, uma reunião da executiva estadual deve apontar os rumos da disputa, mas uma definição ainda está distante. “Os oito anos de governo fragilizaram o partido e o distanciaram da vida partidária. O PMDB fora do governo terá de fazer agora toda uma avaliação”, analisa Biolchi.
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