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Primeiro deputado a apontar a previsão de uma quarentena remunerada para quem passar pela direção da nova estatal dos pedágios, Márcio Biolchi (PMDB) se diz surpreso com o grau de divergência interna do governo em relação ao projeto que cria a EGR (Empresa Gaúcha de Rodovias). “As críticas que agora começam a aflorar mostram o quanto cada setor do governo pensa diferente sobre o futuro dos pedágios. A criação da estatal não traz para a sociedade qualquer garantia sobre o que mais interessa: teremos estradas em condições e com uma tarifa acessível?”, cobra o líder da bancada peemedebista.
Biolchi denunciou há duas semanas a ideia do pagamento automático do salário ao longo de seis meses, sem qualquer critério mais claro, após o afastamento do cargo de diretor da futura estatal. A situação foi definida pelo deputado como demasiada: “quarentena não pode ser seguro-desemprego”, fulminou. Por isso, ele estranha que só agora integrantes do próprio governo vieram a público se manifestar sobre a proposta. “Mostra o quanto o governo está sem convicção: ora abre negociações com as atuais concessionárias, ora acena com o modelo comunitário”, observa o deputado.
Para o líder do PMDB, a proposta de criação da EGR não traz qualquer garantia ao usuário de redução no preço do pedágio ou na realização das obras de duplicação. “Na realidade, acaba apenas esvaziando as atribuições do Daer e coloca todos os gaúchos numa situação futura indefinida, tanto termos de prazos e do próprio modelo a ser adotado”, alerta o peemedebista.
Biolchi insiste na necessidade de maior tempo para discutir o tema, ainda mais depois que o próprio secretário de Infraestrutura e Logística (Seinfra), Beto Albuquerque, critica o projeto e confessa que o texto encaminhado para Assembleia Legislativa não tem o aval dele. “Se ele, que é responsável direto pelo setor, diz isso, não tem como votar as pressas”, acrescenta o deputado. O projeto criando a ERG integra a segunda versão do Pacotarso e tramita em regime de urgência, o que obriga a votação já nos primeiros dias de junho sem qualquer discussão